Floresta Nativa

Sabes o que é?
Surgiu na década de 1990 nos Estados Unidos da América como uma abordagem progressiva de Conservação da Natureza.
Com tradução para português “Renaturalizar”, este conceito atravessou o Atlântico e chegou à Europa onde ganhou um sentido mais amplo.

Trata-se de deixar a natureza cuidar de si mesma, permitindo que os processos naturais moldem a terra e o mar, reparem os ecossistemas danificados e restaurem paisagens degradadas.

Segundo o artigo Rewilding Complex Ecosystems, publicado em 2019 na revista Science, esta abordagem é eficaz pois assenta em três pontos essenciais:
– Restaura a complexidade da cadeia trófica (alimentar),
– Reforça a conectividade entre os territórios e
– Permite que ocorram as perturbações naturais próprias de cada ecossistema.

Fonte: https://www.science.org/doi/abs/10.1126/science.aav5570?%%7BidParamMap%7D%=

Assim, através da renaturalização, os ritmos naturais da vida selvagem criam habitats mais selvagens e mais biodiversos.
De entre os exemplos descritos no artigo, pode-se destacar o da floresta urbana da cidade alemã de Leipzig, cuja ciclo de inundações anuais foi interrompido durante quase um século, como resultado da gestão urbana, o que conduzio a um empobrecimento progressivo e acentuado da sua biodiversidade. Restaurada há poucos anos a possibilidade das inundações cíclicas, a floresta readquiriu hoje parte da biodiversidade perdida.
Em Portugal, a Associação Transumância e Natureza (ATN) conta com duas décadas de trabalho na regeneração ambiental da região do Vale do Côa. A Renaturalização tem assim como objetivo reforçar um corredor de vida selvagem em 120 mil hectares e melhorar a conectividade na paisagem entre o Vale do Douro e a cadeia montanhosa da Malcata. A restauração da floresta autóctone mediterrânica é um dos pilares estratégicos da associação que tem investido na plantação de árvores e dispersão de sementes.

De acordo com a “Rewilding Portugal”, os profissionais a trabalhar em renaturalização por toda a Europa co-formularam um conjunto de princípios que caracterizam e orientam este processo num contexto europeu:

  • Dar esperança e propósito – o processo cria ideais de um futuro melhor para as pessoas e para a natureza, que inspira e fortalece.
  • Oferecer soluções naturais – ao fornecer e aprimorar soluções baseadas na natureza, a renaturalização pode ajudar a mitigar os desafios ambientais, sociais, económicos e relacionados com o clima.
  • Pensar de forma criativa – Rewilding significa também agir de maneira inovadora, oportuna e empreendedora, com a confiança necessária para aprender com o fracasso.
  • Conservação complementar – ao aprimorar a natureza selvagem e os seus inúmeros benefícios em todas as escalas, este processo complementa métodos mais estabelecidos e recorrentes de conservação da natureza.
  • Deixar a natureza liderar – renaturalizar permite que processos naturais restaurados moldem as nossas paisagens terrestres e marítimas de maneira dinâmica, o que conduz a uma intervenção cada vez menor na natureza com o avançar do tempo.
  • Trabalhar à escala da natureza – significa trabalhar em escala para reconstruir a diversidade e abundância da vida selvagem e dar aos processos naturais a oportunidade de aumentarem a resiliência dos ecossistemas.
  • As pessoas são a chave – Rewilding é um processo que dá relevo ao papel das pessoas – e das suas ligações económicas e sociais à terra – trabalhando em ecossistemas mais amplos e naturalmente vibrantes.
  • Criar economias baseadas na natureza – Ao melhorar a vida selvagem e os ecossistemas, o processo de rewilding oferece novas oportunidades económicas através do fornecimento de meios de subsistência e lucro baseados na natureza.
  • Agir em contexto – Abordar o rewilding com um conhecimento de longo prazo da história cultural e ambiental de um local. Importa ter em conta as realidades culturais, políticas e físicas das paisagens terrestres e marítimas nestes esforços que estão a ser tidos.
  • Trabalhar em conjunto – Construir coligações e fornecer apoio com base em respeito, confiança e valores partilhados. Assenta em interligar pessoas de todas as origens para co-criar maneiras inovadoras de retroceder e oferecer os melhores resultados para as comunidades e para a natureza selvagem.
  • Troca de conhecimento – Troca de conhecimento e experiência para melhorar continuamente as melhores práticas de rewilding e alcançar os melhores resultados possíveis.

Em suma, não existe um ponto final definido para Rewilding. O objetivo é apoiar os processos orientados pela natureza, que por sua vez trarão uma natureza mais selvagem. Isso leva tempo e espaço. Cada passo é visto como progresso na escala da aquisição do estado selvagem.

Tendo por inspiração Rewilding, a Floresta Nativa, sugere a construção de florestas usando um método 100% orgânico, totalmente natural e autosustentável num curto espaço de tempo.

Fontes:
A.Perino, H. M. Pereira, L. M. Navarro, N. Fernández, J. M. Bullock, S. Ceausu, A. Cortés-Avizanda, R. Van Klink, T. Kuemmerle, A. Lomba, G. Pe’er, T. Plieninger, J. M. R. Benayas, C. J. Sandom, J. Svenning, H. C. Wheeler, Rewilding complex ecosystems. Science 364, eaav5570 (2019). DOI: 10.1126/science.aav5570.

https://rewilding-portugal.com/
https://rewildingeurope.com/
https://www.sugiproject.com/

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