Os incêndios são uma das catástrofes ambientais que têm dizimado milhares de hectares de floresta em Portugal. Nos últimos anos o país tem vindo a ser completamente massacrado pelo flagelo dos fogos e o impacto sobre os ecossistemas é severo.
A área de floresta ardida em Portugal, apresenta uma grande variabilidade interanual, muito relacionada com a severidade meteorológica verificada e uma tendência crescente desde o final do século passado. De acordo com o relatório de incêndios do ICNF para 2022, até à data de 15 de Agosto, já ocorreram um total de 8 517 incêndios rurais que resultaram em 80 760 hectares de área ardida. Comparando os valores do ano de 2022 com o histórico dos 10 anos anteriores, registou-se mais 30% de área ardida relativamente à média anual do mesmo período.
Os incêndios causam uma grande destruição na natureza e todos os ecossistemas florestais foram arrasados com a passagem do fogo. Árvores, arbustos e plantas com interesse para a biodiversidade e um grande número de mamíferos, aves e insetos sofrem as consequências.
Os incêndios rurais constituem um dos principais obstáculos à sustentabilidade da floresta e dos ecossistemas que lhe estão associados, provocando a sua degradação e desequilíbrio.
O risco de incêndio florestal torna-se maior pelo contexto das alterações climáticas e do aquecimento global que já se manifestam de forma óbvia na seca histórica de 2022 e nas recorrentes ondas de calor que temos vivido.
Com o aquecimento global a fazer-se sentir cada vez mais, torna-se necessário adotar estratégias de prevenção contra o risco de incêndios de grandes proporções. É importante sensibilizar a sociedade para o que se pode fazer para evitar os incêndios e ajudar a recuperar a floresta ardida.
Para Pedro Prata, Líder de equipa da Rewilding Portugal, as zonas de floresta autóctone e não plantadas podem reduzir a intensidade do fogo, como aconteceu na Serra da Estrela, levando em alguns casos os incêndios a contornar essas áreas. Portugal tem vivido nos últimos anos uma redução desmedida e progressiva destas florestas nativas porque, embora sejam mais resilientes ao fogo, não o são à frequência com que o fogo regressa. Estes levam ao retrocesso da floresta nativa e à propagação de zonas de matos rasteiros dominados por espécies pioneiras que beneficiam do distúrbio constante do fogo. O aumento destas espécies rasteiras, expõe de novo a paisagem ao risco de fogo, uma vez que não há tempo para a floresta crescer e tornar-se mais complexa e resiliente.
Para travar esta perda massiva de património vegetal, deveriam ser consideradas medidas e soluções alternativas baseadas na natureza.
A Floresta Nativa acredita que reflorestar é uma medida que contribui para a recuperação de ecossistemas ameaçados e assim abrandar a sua destruição pelo fogo. O Método Miyawaki que se pretende desenvolver e demonstrar é uma solução natural, económica e eficiente de devolver à paisagem a floresta autóctone nacional.
Fontes: https://www.icnf.pt/florestas/gfr/gfrgestaoinformacao/grfrelatorios/areasardidaseocorrencias https://rea.apambiente.pt/content/inc%C3%AAndios-rurais https://www.publico.pt/2022/08/18/azul/opiniao/repensar-floresta-serra-estrela-arda-2017630